30 agosto, 2006

erro



erros meus, má fortuna, amor ardente em minha perdição se conjuraram; os erros e a fortuna sobejaram, que pera mim bastava amor somente. tudo passei; mas tenho tão presente a grande dor das cousas que passaram, que as magoadas iras me ensinaram a não querer já nunca ser contente.

errei todo o discurso de meus anos; dei causa [a] que a f ortuna castigasse as minhas mal fundadas esperanças. de amor não vi senão breves enganos. oh! quem tanto pudesse, que fartasse este meu duro génio de vinganças!

l v de camões